terça-feira, 21 de junho de 2011

Alface brava com 1,93cm

Continuam os nossos estudos sobre a flora do Poceirão.
Desta vez destacamos a Lactuca serriola.


A Lactuca serriola é uma espécie relativamente comum em Portugal e é a espécie brava mais próxima da alface (Lactuca sativa). A sua aparência é muito diferente da forma tradicional da alface no entanto, há registos de que também pode ser consumida apesar de ter um sabor ligeiramente mais amarga que a alface.


Existem vários nomes comuns para a mesma planta:- Alface-brava; Alface-brava-áspera; Alface-brava-menor; Alface-brava-pequena; Alface-silvestre; Leituga.
Segundo a literatura é frequente ser encontrada em zonas perturbadas, baldios ou até junto a caminhos de terra batida, no entanto, não encontrámos algum tipo de padrão, pois na zona do Poceirão foi encontrada em locais com características tão diversas como em caminhos estreitos, no meio de pinheiros, junto a sobreiros e até ao lado de entulho.



Segundo a “Nova Flora de Portugal, Volume II, página 521” esta planta pode apresentar um caule até 180cm, curiosamente um dos exemplares que se encontrou apresentava uns impressionantes 193cm. A referida planta está representada nas várias fotos deste artigo.

Contrariando os registos do Jardim botânico da UTAD que indicam que esta espécie não deveria ser encontrada na zona do Poceirão, verificámos que até é bastante frequente podendo ser encontrados vários exemplares espalhadas pelo percurso seleccionado para os nossos estudos faunísticos.



Esta planta apresenta algumas características curiosas como a presença dos pêlos ao longo das folhas e se aplicarmos pequenos golpes ao longo do caule esta liberta látex.



segunda-feira, 20 de junho de 2011

Daphnia

No âmbito das nossas colheitas identificámos Dáfnias (Daphnias).

Esta espécie é um crustáceo da ordem Cladocera que vulgarmente é chamada de pulga de água.
A designação de pulga de água deve-se ao movimento do par de antenas que permitem a locomoção no meio aquoso de forma que se assemelham ao saltar das pulgas terrestres.


São de pequenas dimensões que podem variar entre 0,2 e 5,0 milímetros, habitam em meios aquáticos desde charcos a rios e alimentam-se essencialmente de plâncton, podendo ingerir microorganismos tais como protistas e bactérias, mas também matéria orgânica particulada e dissolvida no meio. Nas nossas colheitas foram identificadas em praticamente todos os charcos, no entanto, houve nitidamente um bloom num curto período de tempo em que dominaram em número. Essa proliferação desapareceu pouco tempo depois não se sabendo a sua causa.
Uma particularidade da espécie é a sua reprodução que pode ser curiosa... Durante a maior parte do ano, as dáfnias reproduzem-se por partenogénese (forma assexuada de reprodução). Nesta altura a população é composta maioritariamente ou exclusivamente por fêmeas. Quando as condições ambientais tornam-se desfavoráveis (por exemplo, falta de alimento, ou seca do meio aquático), passam a reproduzir-se sexuadamente; parte dos ovos que se estavam a desenvolver dão origem a dáfnias machos, que utilizam as primeiras antenas e ganchos do primeiro par de patas para agarrar a fêmea. A partir da fecundação, formam-se ovos de resistência que permanecem dormentes até que se reunam as condições necessárias para se desenvolverem. Segundo algumas estimativas, acredita-se que estes ovos de resistência possam resistir uns impressionantes vinte anos.
A esperança de vida de uma dáfnia é variável... Depende maioritariamente da temperatura do meio envolvente. Ensaios de laboratório indicam que um indivíduo pode sobreviver 108 dias a temperaturas de 3ºC ou sobreviver apenas 29 dias a temperaturas de 28°C.

A dáfnia é um crustáceo de pequenas dimensões mas apresenta características muito curiosas que nos deixam deveras curiosos e com vontade de os estudar mais aprofundadamente em colheitas futuras.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Observações 1

Sons do Poceirão à noite- Rana perezi

O Poceirão é uma zona muito plana em que as habitações estão assentes em terrenos que anteriormente foram charcos temporários. Por isso, a proximidade dos actuais charcos é evidente e é normal estar no meio da povoação à noite e conseguimos ouvir o coachar das rãs.
Neste caso o mais comum é ouvir o coachar da Rana perezi.


Neste vídeo podemos observar várias imagens da rã verde. Esta pode variar ligeiramente de coloração desde o verde claro ao castanho.


No seguinte video podemos observar o comportamento territorial da Rana perezi e ouvir como é o seu coachar característico.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Espécies exóticas, invasoras, introduzidas no Poceirão...



Ao se ouvir falar de espécies invasoras nem sempre ficamos com a ideia correcta. Quem sabe por influência de Orson Welles com a "Guerra dos mundos"...

Exóticas, naturalizadas, invasoras, introduzidas, reintroduzidas, nativas, indígenas, pragas… São tudo termos essencialmente associados ao mundo vegetal mas que também podem explicar o caso anteriormente descrito do Lagostim-de-água-doce que é uma espécie invasora.



O termo nativa ou indígena refere-se a espécies que evoluiram numa determinada região durante um longo período de tempo (pelo menos 10 anos no caso de animais, para plantas poderá ser superior).
Em oposição temos as designações, exótica, não nativa, introduzida... que se referem a espécies que são libertadas numa zona diferente da sua região de origem.


A espécie invasora já tem uma designação ligeiramente diferente. Refere-se a espécies naturalizadas com elevada taxa de reprodução e que é capaz de colonizar áreas afastadas da zona inicial de introdução. Estas espécies têm a capacidade de alterar teias alimentares pelo que poderão perturbar o natural equilíbrio dos ecossistemas. A partir do momento em que a presença de uma espécie causa dano ao homem (agrucultura, saúde publica,...), esta passa a designar-se por praga.


Uma espécie é considerada reintroduzida quando esta é intencionalmente libertada numa região em que ocorria naturalmente, mas na qual se extinguiu ou se encontrava localmente ameaçada. Ao longo das nossas pesquisas sobre o Poceirão não obtivemos quais quer indícios de que tal tenha ocorrido no passado, mas com o desenrrolar das alterações climáticas e essencialmente pela influência humana, pode ser que tal seja necessário equacionar no futuro. Um forte candidato para uma reintrodução poderá ser a planta Elatine brochonii que se situa em terrenos destinados à construção, pelo que se encontra em risco. A longo prazo poderemos ter a salamandra-de-costelas-salientes ameaçada pela invasora Lagostim-de-água-doce sua competidora.


No caso específico do lagostim, não sabemos se esta já pode ser considerada de naturalizado na zona ou não. Para serem consideradas espécies naturalizadas geralmente são espécies que têm a capacidade de se reproduzir com sucesso e sem intervenção humana no novo ambiente. No entanto têm de existir registos da sua presença na zona envolvente há pelo menos 10 anos, facto que não conseguimos comprovar.

Ao longo das nossas colheitas nos charcos no início da época de chuvas, deparámo-nos com uma espécie invasora e nativa. A dafnia é uma espécie nativa com crescimento demográfico não controlado num curto período de tempo (devido ao seu curto ciclo de vida). Quando apareceu formou um bloom que dominou em número as populações dos charcos mas que rapidamente desapareceu devido a fenómenos que não pudemos acompanhar. Este bloom ocorreu provavelmente devido à acção humana (adubos, pesticidas, ou incremento de matéria orgânica nos solos, …) que cria condições momentâneas para a sua proliferação.


Alguns cientistas consideram que as espécies invasoras são actualmente um dos principais factores de perda de biodiversidade no planeta pelo que seria benéfico monitorizar as espécies invasoras no Poceirão para melhor compreender a sua influência no meio ambiente.


É necessário muito cuidado com a introdução de espécies em zonas novas. Facilmente se pode entrar em descontrolo. Ao longo da nossa saída de campo orientada para a Botânica, observámos várias espécies de "cultivadas" que não fazem parte da flora Mediterrânica, no entanto pareciam longe de se poderem tornar pragas. Um caso de indrodução com sucesso na zona do Poceirão foi o do eucalipto. Segundo relatos populares, o Poceirão foi uma das primeiras zonas do país em que a introdução do eucalipto se processou com exemplares directamente da Austrália. Esta planta devido ao seu valor económico é explorada de forma consciente pela população.

Sobreiro no top 5 das espécies mais ameaçadas e emblemáticas de Portugal...

No âmbito do ano internacional da Biodiversidade 2010 a WWF (World Wildlife Found) publicou a lista das 5 espécies mais emblemáticas e em perigo de Portugal. 4 dessas espécies são animais (Águia imperial; Lince Ibérico; Saramugo; e Foca Monge) e uma pertence às plantas (Sobreiro).
Destes, e no âmbito das nossas saídas de campo do "Poça Pocinha Poceirão", identificámos o Sobreiro. Muito comum em terrenos próximos da zona do Rio Frio em que foram cultivadas e actualmente no estado de maturação já são exploradas para a cortiça e pelas características de pastoreio que esta planta proporciona ao meio envolvente.

A Biodiversidade é um bem essencial que deve de ser preservado pelo que é conveniente contrariar a tendência de declínio desta espécie em solo nacional. Sempre que uma espécie se perde, perde-se igualmente parte vital da "Herança Natural" não só desse país, mas também do mundo; sempre que uma espécie se encontra em vias de extinção, está em risco essa "Herança Natural" que é de todos.
O Sobreiro, é identificado pela WWF como espécie prioritária, pelo valor ambiental, económico e social, que representa para a eco região do Mediterrâneo Ocidental. Segundo estimativas esta espécie tem uma área de distribuição limitada, cerca de 2.7 milhões de ha.

90% desta planta emblemática existe em apenas 4 países, Portugal, Espanha, Marrocos e Argélia. Portugal é o país do mundo com maior área desta espécie, cerca de 736 mil ha, o que coloca o sobreiro como uma das espécies emblemáticas e de interesse económico do nosso País.

Escolher o Sobreiro em deterimento a outras árvores trás várias vantagens ambientais e económicas como por exemplo:


-ajuda na conservação dos solo, influencia na regulação do ciclo da água, tem impacto na diminuição das emissões de carbono e na conservação da biodiversidade;
-cortiça é um subproduto da árvore e é um processo ambientalmente sustentável, uma vez que nenhuma árvore é cortada e somente de 9 em 9 anos é realizado o descortiçamento;

-Como promove uma diversidade de plantas de pastoreio a mesma área pode ser complementada com a pastorícia trazendo maiores benefícios económicos.


Em Portugal as florestas em que o Sobreiro é dominante são de dois tipos: o montado, (um sistema aberto associado a zonas planas e a pastagens naturais) e o sobreiral, bosque mais denso e de serra.

No caso específico dos terrenos envolventes do Poceirão podemos encontrar o Sobreiro em formato de montado, quer tenha sido plantado para o efeito ou tenha germinado de forma natural com pouca intervensão humana.
A Biodiversidade elevada está, frequentemente, associada à variedade de pastagens que se associam ao Sobreiro. Este facto pode ser muito importante na fixação e proliferação de algumas espécies de aves cujas populações podem estar em declínio, como a Abetarda, a Águia Imperial, a Águia de Bonelli e o Abutre Negro.

Elatine no Sapo

Mas uma notícia desta vez com mais detalhe e comentários.
http://noticias.sapo.pt/info/artigo/1159737.html

domingo, 12 de junho de 2011

Foto do dia no sapo

Aqui fica o destaque d:
a área de notícias do SAPO: http://noticias.sapo.pt/foto/1159744/

Notícia na Lusa


A visita da LUSA sempre deu em notícia... Por agora ficou online, mas a divulgação já começou. É uma pequena notícia e poderá faltar algum dos dados que consideramos mais importantes mas fica a intensão de divulgar e notaram que algo tem de ser feito para a protger correndo o risco de desaparecer em breve.
Transcrevo a reportagem publicada:


"Planta rara descoberta por acaso no Poceirão atrai biólogos, escola e autarquia
De Luís Pedro Martins (LUSA)

Lisboa, 12 jun (Lusa) -- Um projeto escolar de estudo da biodiversidade no Poceirão, concelho de Palmela, levou à descoberta de uma planta rara. A Elatine brochonii deixou excitados os biólogos e a autarquia até admite repensar o plano urbanístico.

Com um nome tão pouco comum como a própria planta, a Elatine existe em alguns locais de Espanha, Marrocos, Argélia e França e já uma vez tinha sido referenciada na zona da Arrábida, em Portugal, explicou à agência Lusa o biólogo Miguel Porto, da Sociedade Portuguesa de Botânica.

Só se desenvolve em charcos temporários, germina na água mas floresce no sequeiro e morre em poucos meses. Necessita de condições muito precisas e Miguel Porto admite que muito em breve estará em extinção.

© 2011 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A. "

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Pocinha na Lusa

Hoje o Pocinha foi contemplado pela visita da agência Lusa, a qual queria saber um pouco mais sobre a feliz descoberta da Elantine. Neste encontro foi explicado aos jornalistas em que consistia o nosso projecto e como se deu o nosso encontro com esta planta tão fragil, a Elantine brochonii. Estiveram presentes neste encontro o Dr. Miguel Porto da Sociedade Portuguesa de Botânica e o Sr José Silvério, Presidente da Junta de Freguesia do Poceirão.
Para que conheçam melhor o projecto das nossas escolas aqui fica uma pequena apresentação:



Para mais informações contactar Judite Mendes ou Rui Rego.

Os Urodelos do Poceirão

São conhecidas mais de 556 espécies de Urodelos que incluem tanto salamandras como tritões. Estes animais são caracterizados por terem um corpo alongado, patas curtas e uma cauda relativamente longa. Morfologicamente fazem lembrar lagartos mas facilmente podem ser distinguidos destes porque não apresentarem escamas e mostrarem uma pele nua e muito sensível à secura. Por terem uma pele nua e sensível, devem habitar próximo de zonas húmidas de florestas, rios, lagos, charcos ou poços.
Como curiosidade, este grupo de animais são capazes de regenerar os membros e a cauda se estes forem decepados, o que pode acontecer por predadores.
Os anfíbios são controladores naturais de pestes, sendo um benéfico colaborador para os agricultores bem como um activo defensor da saúde humana, pois, ao caçar insectos e outros animais nocivos, está a aumentando a produtividade agrícola e a reduzir a propagação de doenças, como a malária, transmitida por mosquitos, ou a Leptospirose, bactéria transmitida ao homem pela urina de ratos que pode ser mortal.
Os anfíbios são excelentes indicadores de qualidade ambiental. Por terem uma pele altamente permeável são particularmente sensíveis a contaminantes ambientais, que entram facilmente e de forma directa no corpo, tornando-os assim importantes sentinelas para potenciais ameaças ao Homem.
De um modo geral a salamandra prefere um modo de vida solitário pelo que produz um cheiro para demarcar o seu território, mas o macho também tem a capacidade de produzir uma feromona para atrair parceiros na época do acasalamento.

O seu ciclo de vida começa na água pelo que foi fácil observar pela quantidade de larvas de salamandra-de-costelas-salientes que obtivemos nas diversas amostragens.
A maior espécie de salamandra conhecida é a salamandra-gigante que é natural da China e do Japão e que pode chegar a medir uns impressionantes 160cm de comprimento. A maior salamandra da Europa é a salamandra-de-costelas-salientes que pode chegar a medir 30cm de comprimento.

No âmbito das nossas saídas de campo identificámos duas espécies de Urodelos: - A Salamandra-de-costelas-salientes (Pleurodeles waltl) e a Salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra).








A salamandra-de-costelas-salientes (em inglês Spanish ribbed newt) também é conhecida por Salamandra-dos-Poços por ser frequentemente encontrada nesses locais. Nalgumas regiões, sobretudo no Este da Península Ibérica, é comum colocar estas salamandras nos poços, pois elas asseguram que a água se mantenha limpa. São geralmente inofensivas para com o Homem mas para se defenderem de predadores, podem projectar as costelas para o exterior, com o intuito de mostrarem um ar mais agressivo e fazer sobressair as costelas que estão impregnadas de secreções tóxicas que poderão ferir um potencial predador. Alguns indivíduos quando ameaçados, as costelas chegam mesmo a perfurar a sua pele que posteriormente tem uma cicatrização muito rápida.
Tem uma actividade preferencialmente aquática e nocturna e alimentam-se à base de larvas, moluscos, minhocas e pequenos peixes. Podem ser encontrados na Península Ibérica e Marrocos.
Segundo dados, em Portugal não está ameaçada de extinção, no entanto, enfrenta alguns factores de ameaça como o abandono dos usos tradicionais dos solos transformando as massas de águas superficiais e é de destacar a introdução de uma espécie invasora no seu habitat que a pode predar; o lagostim-de-rio-americano (Procambarus clarkii) ou também designado por lagostim-vermelho, uma espécie introduzida no nosso país, tem sido apontado como o responsável pelo desaparecimento desta salamandra de algumas áreas. Este lagostim foi identificado na zona e acredita-se que existam em grandes números.


Segundo estudos, na maioria das populações, os indivíduos não atravessam um verdadeiro período de hibernação, estes estivam enterrados no fundo dos charcos ou ocultos debaixo de pedras e terra, isto pode ser a explicação do “desaparecimento” destes exemplares nesta zona depois dos charcos secarem.
Com hábitos essencialmente nocturnos e crepusculares, as salamandras-de-costelas-salientes costumam permanecer nas zonas mais profundas do charco durante o dia, vindo esporadicamente à superfície para respirar. Ao anoitecer, aproximam-se das margens para se alimentarem, detectando os alimentos sobretudo pelo olfacto uma vez que não primam pela visão.

A salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra) também designada por salamandra comum ou salamandra-do-fogo, exibe uma coloração preta ponteada por manchas amarelas. Apesar da coloração que pode afastar os predadores por os alertar para uma possível toxicidade, esta apenas segrega substâncias tóxicas, mas benignas, geralmente com efeitos irritantes e passageiros. Esta substância tóxica é produzida numa glândula na parte de trás da cabeça e só é segregada em caso de ameaça.
Ao contrário da salamandra referida anteriormente, esta, na fase adulta tem propensão a ter uma vida mais terrestre, no entanto a sua alimentação assenta sobre os mesmos organismos e a sua visão é mais apurada. Na fase adulta varia entre os 14 a 20cm sendo raro encontrar exemplares maiores que 23cm.



terça-feira, 7 de junho de 2011

O contributo da planta Elatine brochonii para a biodiversidade

Apesar do número reduzido de espécies de que dependemos directamente para nos alimentarmos a biodiversidade é essencial para a nossa sobrevivência.
A Biodiversidade é um conceito de difícil consenso. Uma possível definição admite a Biodiversidade como: "medida da diversidade relativa entre organismos presentes em diferentes ecossistemas".
Esta definição inclui diversidade dentro da espécie, entre espécies e diversidade comparativa entre ecossistemas.

Outra definição, mais desafiante, é "totalidade dos genes, espécies e ecossistemas de uma região".

Esta definição engloba três áreas de diversidade entre seres vivos:

diversidade genética
diversidade de espécies
diversidade de ecossistemas

Desta forma torna-se importante aferir a diversidade de espécies existentes nos nossos charcos e terrenos envolventes que são nossos objectos de estudo. Ao estabelecermos uma parceria com a Sociedade Portuguesa de Botânica realizámos umas saídas de campo com o objectivo de identificar e classificar a flora local de forma a melhor compreender o ecossistema.
Ficámos espantados com a enorme diversidade de espécies em especial com a planta Elatine brochonii que foi pela primeira vez identificada em solo nacional.

sábado, 4 de junho de 2011

Comemoração do Dia Internacional da Biodiversidade

Como forma de comemorar o dia Internacional da Biodiversidade, foi organizada uma palestra da EB José Saramago, a cargo da prof. Ana Ataíde sobre a conservação da biodiversidade nas espécies de interesse zootécnico. Aqui fica uma amostra da palestra apresentada.


quarta-feira, 25 de maio de 2011

Planta Elatine brochonii

Como todos os professores colaboradores do projecto "Poça, Pocinha, Poceirão" são provenientes de áreas de especialização diferentes torna-se necessário estabelecer parcerias de modo a podermos continuar com o projecto e poder garantir o rigor científico do mesmo, assim contactámos entidades como a Sociedade Portuguesa de Botânica para nos ajudar.

Recentemente realizámos umas saídas mais orientadas para a Botânica com o apoio da Sociedade Portuguesa de Botânica, em que ficámos impressionados com a biodiversidade local e especialmente com uma planta que foi pela primeira vez identificada em Portugal: - Elatine brochonii.

Devido a esta descoberta a Sociedade Portuguesa de Botânica está a preparar uma folha de herbário com a nossa planta colhida no Concelho de Palmela, a qual ficará no herbário do jardim Botânico da Universidade de Lisboa.

Para mais info sobre a planta:
http://www.floraiberica.es/floraiberica/texto/pdfs/03_057_02_Elatine.pdf

Quem diria que iríamos encontrar no Concelho de Palmela uma planta nova para Portugal. Se ao longo do projecto já estávamos impressionados com a biodiversidade local, agora ficámos admirados com a existência de uma planta ainda não referenciada para Portugal.

Com o apoio da Sociedade Portuguesa de Botânica pudemos confirmar de que a planta aquática de solos encharcados se trata de uma Elatine brochonii.

O género Elatine é composto por 4 espécies em que a Elatine brochonii tem os seguintes caracteres de diagnóstico:
-6 estames em todas as flores;
-flores sempre sésseis;
-cápsula esférica mas aplanada no topo;
-folhas superiores sésseis e ovaladas.
Após alguma pesquisa é possível concluir que é uma planta rara. Por exemplo em Espanha estão registadas apenas 31 populações isoladas compostas por colónias muito pequenas como pode ser observado em pontos vermelhos na seguinte imagem.
Também foram registadas colónias em Algéria, França e Marrocos. Mas em todos os casos crê-se que as suas populações estejam a diminuir. O seu habitat enfrenta grandes perigos e sujeito a numerosas acções antropológicas como a drenagem de solos, sobrepastagem de gado, zonas de passagem de veículos e movimentações de solos.
Esta espécie pode ser encontrada em solos arenosos ou argilosos em zonas de muita exposição solar que se apresentam temporariamente inundados ao longo do ano. Pode habitar as orlas ou os centros de charcos e necessitam de estar inundados de água para poder germinar, mas não toleram grandes períodos de inundação uma vez que apresentam peças florais que não se desenvolvem dentro de água. Geralmente a floração ocorre durante a Primavera mas como as peças florais são discretas, é habitual que a planta e a sua floração passe despercebida. É uma planta anual que varia entre 1 a 10 cm e apesar de poder propagar-se de modo vegetativo esta apresenta sementes muito pequenas (0,4 a 0,5 mm).

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Actividade de Comemoração do Dia Internacional da Biodiversidade (22 de Maio)

No próximo dia 22 de Maio o Pocinha vai realizar uma actividade de observação de morcegos e aves integrada na comemoração do Dia Internacional da Biodiversidade. Os interessados devem efectuar a inscrição na escola, devendo entregar no PBX o impresso que se encontra disponível na plataforma moodle da escola (www.aemp.pt/moodle).

Os participantes devem trazer para esta actividade roupa e calçado confortável, água, fruta e máquina fotográfica.

A actividade terá a seguinte organização:
18h - recepção dos participantes
18h30 - Enquadramento da actividade no projecto Poça, Pocinha, Poceirão
19h - Saída de campo
21h - Fim da actividade

Uma vez que esta actividade irá realizar-se a um Domingo, não haverá transporte para os alunos, ficando este a cargo dos encarregados de educação. Esta actividade é aberta aos encarregados de educação que queiram acompanhar os seus educandos. A actividade está limitada a um máximo de 20 participantes.

domingo, 8 de maio de 2011

Amostra das actividades desenvolvidas com o pré-escolar

Embora o Poça, Pocinha, Poceirão seja um projecto que inicialmente abrangia o 2º e 3º Ciclos, optou-se por alargar as actividades a todas as crianças do agrupamento. Aqui fica um pequeno resumo das actividades desenvolvidas pelo Poça com os meninos do Pré-Escolar.


quarta-feira, 27 de abril de 2011

Quem somos

O Projecto “Poça, Pocinha, Poceirão”, surgiu no âmbito do ano da Biodiversidade, pelas mãos dos docentes de ciências do 2º e 3º ciclos do Agrupamento de Escolas José Saramago (Poceirão), tendo ganho o prémio para desenvolvimento de ideia (2ª fase) da Ciência na Escola, promovido pela Fundação Ilídio Pinho. Tem como grande objectivo despertar nos alunos o interesse pelo estudo das questões ambientais, levando-os a descobrir, investigar e valorizar os charcos locais que se formam nas épocas de chuva, bem como a sua biodiversidade enquanto grandes laboratórios vivos.

O Agrupamento de Escolas José Saramago insere-se numa zona rural do concelho de Palmela, abrangida por duas freguesias (Marateca e Poceirão), sendo a vitivinicultura a principal actividade económica desenvolvida. Nas zonas limítrofes do Poceirão, durante a estação das chuvas, começam por aparecer algumas  poças, que posteriormente se transformam em charcos. Embora estes charcos possam ter uma duração variável com as chuvas, chegam a permanecer activos quatro ou mais meses.
Os charcos são particularmente vulneráveis à poluição, devido ao baixo volume de água que conseguem armazenar, resultando numa reduzida capacidade para diluir os poluentes. Nestes ecossistemas, pequenas alterações no meio podem originar flutuações ou mudanças ecológicas.

Com este projecto pretende-se aferir a biodiversidade local e foram envolvidas turmas desde o pré-escolar até 9ºano, incluindo o clube de ciências da escola sede. Têm vindo a ser desenvolvidas as seguintes actividades regulares de exploração científica:

  • Inventário de charcos nas zonas envolventes das escolas agrupadas das turmas envolvidas no projecto;
  • Recolha de água e organismos (fito e zooplâncton, insectos e pequenos vertebrados);
  • Observação das amostras com lupas de mão, lupas binoculares e microscópios ópticos;
  • Registo foto e videográficos, ilustração das amostras observadas com vista à classificação taxonómica e inventário biológico dos charcos;
  •  Registo de parâmetros físico-químicos nos locais das colheitas (temperatura, pH, condutividade), para relacionar com fenómenos biológicos em curso;
  •  Registo foto e videográfico de todas as etapas do projecto com vista a divulgação à comunidade;
  •  Elaboração de um livro digital com a identificação e descrição científica das espécies identificadas bem como todas as conclusões do trabalho realizado.