segunda-feira, 13 de junho de 2011

Espécies exóticas, invasoras, introduzidas no Poceirão...



Ao se ouvir falar de espécies invasoras nem sempre ficamos com a ideia correcta. Quem sabe por influência de Orson Welles com a "Guerra dos mundos"...

Exóticas, naturalizadas, invasoras, introduzidas, reintroduzidas, nativas, indígenas, pragas… São tudo termos essencialmente associados ao mundo vegetal mas que também podem explicar o caso anteriormente descrito do Lagostim-de-água-doce que é uma espécie invasora.



O termo nativa ou indígena refere-se a espécies que evoluiram numa determinada região durante um longo período de tempo (pelo menos 10 anos no caso de animais, para plantas poderá ser superior).
Em oposição temos as designações, exótica, não nativa, introduzida... que se referem a espécies que são libertadas numa zona diferente da sua região de origem.


A espécie invasora já tem uma designação ligeiramente diferente. Refere-se a espécies naturalizadas com elevada taxa de reprodução e que é capaz de colonizar áreas afastadas da zona inicial de introdução. Estas espécies têm a capacidade de alterar teias alimentares pelo que poderão perturbar o natural equilíbrio dos ecossistemas. A partir do momento em que a presença de uma espécie causa dano ao homem (agrucultura, saúde publica,...), esta passa a designar-se por praga.


Uma espécie é considerada reintroduzida quando esta é intencionalmente libertada numa região em que ocorria naturalmente, mas na qual se extinguiu ou se encontrava localmente ameaçada. Ao longo das nossas pesquisas sobre o Poceirão não obtivemos quais quer indícios de que tal tenha ocorrido no passado, mas com o desenrrolar das alterações climáticas e essencialmente pela influência humana, pode ser que tal seja necessário equacionar no futuro. Um forte candidato para uma reintrodução poderá ser a planta Elatine brochonii que se situa em terrenos destinados à construção, pelo que se encontra em risco. A longo prazo poderemos ter a salamandra-de-costelas-salientes ameaçada pela invasora Lagostim-de-água-doce sua competidora.


No caso específico do lagostim, não sabemos se esta já pode ser considerada de naturalizado na zona ou não. Para serem consideradas espécies naturalizadas geralmente são espécies que têm a capacidade de se reproduzir com sucesso e sem intervenção humana no novo ambiente. No entanto têm de existir registos da sua presença na zona envolvente há pelo menos 10 anos, facto que não conseguimos comprovar.

Ao longo das nossas colheitas nos charcos no início da época de chuvas, deparámo-nos com uma espécie invasora e nativa. A dafnia é uma espécie nativa com crescimento demográfico não controlado num curto período de tempo (devido ao seu curto ciclo de vida). Quando apareceu formou um bloom que dominou em número as populações dos charcos mas que rapidamente desapareceu devido a fenómenos que não pudemos acompanhar. Este bloom ocorreu provavelmente devido à acção humana (adubos, pesticidas, ou incremento de matéria orgânica nos solos, …) que cria condições momentâneas para a sua proliferação.


Alguns cientistas consideram que as espécies invasoras são actualmente um dos principais factores de perda de biodiversidade no planeta pelo que seria benéfico monitorizar as espécies invasoras no Poceirão para melhor compreender a sua influência no meio ambiente.


É necessário muito cuidado com a introdução de espécies em zonas novas. Facilmente se pode entrar em descontrolo. Ao longo da nossa saída de campo orientada para a Botânica, observámos várias espécies de "cultivadas" que não fazem parte da flora Mediterrânica, no entanto pareciam longe de se poderem tornar pragas. Um caso de indrodução com sucesso na zona do Poceirão foi o do eucalipto. Segundo relatos populares, o Poceirão foi uma das primeiras zonas do país em que a introdução do eucalipto se processou com exemplares directamente da Austrália. Esta planta devido ao seu valor económico é explorada de forma consciente pela população.

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