quarta-feira, 8 de junho de 2011

Os Urodelos do Poceirão

São conhecidas mais de 556 espécies de Urodelos que incluem tanto salamandras como tritões. Estes animais são caracterizados por terem um corpo alongado, patas curtas e uma cauda relativamente longa. Morfologicamente fazem lembrar lagartos mas facilmente podem ser distinguidos destes porque não apresentarem escamas e mostrarem uma pele nua e muito sensível à secura. Por terem uma pele nua e sensível, devem habitar próximo de zonas húmidas de florestas, rios, lagos, charcos ou poços.
Como curiosidade, este grupo de animais são capazes de regenerar os membros e a cauda se estes forem decepados, o que pode acontecer por predadores.
Os anfíbios são controladores naturais de pestes, sendo um benéfico colaborador para os agricultores bem como um activo defensor da saúde humana, pois, ao caçar insectos e outros animais nocivos, está a aumentando a produtividade agrícola e a reduzir a propagação de doenças, como a malária, transmitida por mosquitos, ou a Leptospirose, bactéria transmitida ao homem pela urina de ratos que pode ser mortal.
Os anfíbios são excelentes indicadores de qualidade ambiental. Por terem uma pele altamente permeável são particularmente sensíveis a contaminantes ambientais, que entram facilmente e de forma directa no corpo, tornando-os assim importantes sentinelas para potenciais ameaças ao Homem.
De um modo geral a salamandra prefere um modo de vida solitário pelo que produz um cheiro para demarcar o seu território, mas o macho também tem a capacidade de produzir uma feromona para atrair parceiros na época do acasalamento.

O seu ciclo de vida começa na água pelo que foi fácil observar pela quantidade de larvas de salamandra-de-costelas-salientes que obtivemos nas diversas amostragens.
A maior espécie de salamandra conhecida é a salamandra-gigante que é natural da China e do Japão e que pode chegar a medir uns impressionantes 160cm de comprimento. A maior salamandra da Europa é a salamandra-de-costelas-salientes que pode chegar a medir 30cm de comprimento.

No âmbito das nossas saídas de campo identificámos duas espécies de Urodelos: - A Salamandra-de-costelas-salientes (Pleurodeles waltl) e a Salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra).








A salamandra-de-costelas-salientes (em inglês Spanish ribbed newt) também é conhecida por Salamandra-dos-Poços por ser frequentemente encontrada nesses locais. Nalgumas regiões, sobretudo no Este da Península Ibérica, é comum colocar estas salamandras nos poços, pois elas asseguram que a água se mantenha limpa. São geralmente inofensivas para com o Homem mas para se defenderem de predadores, podem projectar as costelas para o exterior, com o intuito de mostrarem um ar mais agressivo e fazer sobressair as costelas que estão impregnadas de secreções tóxicas que poderão ferir um potencial predador. Alguns indivíduos quando ameaçados, as costelas chegam mesmo a perfurar a sua pele que posteriormente tem uma cicatrização muito rápida.
Tem uma actividade preferencialmente aquática e nocturna e alimentam-se à base de larvas, moluscos, minhocas e pequenos peixes. Podem ser encontrados na Península Ibérica e Marrocos.
Segundo dados, em Portugal não está ameaçada de extinção, no entanto, enfrenta alguns factores de ameaça como o abandono dos usos tradicionais dos solos transformando as massas de águas superficiais e é de destacar a introdução de uma espécie invasora no seu habitat que a pode predar; o lagostim-de-rio-americano (Procambarus clarkii) ou também designado por lagostim-vermelho, uma espécie introduzida no nosso país, tem sido apontado como o responsável pelo desaparecimento desta salamandra de algumas áreas. Este lagostim foi identificado na zona e acredita-se que existam em grandes números.


Segundo estudos, na maioria das populações, os indivíduos não atravessam um verdadeiro período de hibernação, estes estivam enterrados no fundo dos charcos ou ocultos debaixo de pedras e terra, isto pode ser a explicação do “desaparecimento” destes exemplares nesta zona depois dos charcos secarem.
Com hábitos essencialmente nocturnos e crepusculares, as salamandras-de-costelas-salientes costumam permanecer nas zonas mais profundas do charco durante o dia, vindo esporadicamente à superfície para respirar. Ao anoitecer, aproximam-se das margens para se alimentarem, detectando os alimentos sobretudo pelo olfacto uma vez que não primam pela visão.

A salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra) também designada por salamandra comum ou salamandra-do-fogo, exibe uma coloração preta ponteada por manchas amarelas. Apesar da coloração que pode afastar os predadores por os alertar para uma possível toxicidade, esta apenas segrega substâncias tóxicas, mas benignas, geralmente com efeitos irritantes e passageiros. Esta substância tóxica é produzida numa glândula na parte de trás da cabeça e só é segregada em caso de ameaça.
Ao contrário da salamandra referida anteriormente, esta, na fase adulta tem propensão a ter uma vida mais terrestre, no entanto a sua alimentação assenta sobre os mesmos organismos e a sua visão é mais apurada. Na fase adulta varia entre os 14 a 20cm sendo raro encontrar exemplares maiores que 23cm.



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